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Eduardo Caetano de Sousa

SINOPSE

(...) A transição energética é uma realidade propulsora da nova era energética a que assistimos. Mas sempre num trajeto não isento de sobressaltos, recuos e contrariedades, que a atual “nuvem negra que sobrevoa a Europa” muito adensa. Por outro lado, as questões climáticas têm vindo desde o início do século a acrescentar novos e urgentes desafios à sociedade e ao mundo. E a alterar os paradigmas estabelecidos da análise e do pensamento político e social. Neste ambiente de complexidade latente, as estratégias de cooperação ou de conflito na ordem internacional, readaptam-se à velocidade tantas vezes incoerente dos interesses dos principais atores internacionais.

A guerra de fevereiro de 2022 na Europa, com a invasão expansionista da Federação Russa na Ucrânia, veio obrigar os Estados europeus a reagirem em uníssono face às ameaças russas colocadas à Europa. E de novo a energia, a segurança e a dependência energética europeia no centro do furacão. 

 (…) A União Europeia procura agora uma “grande estratégia.” Já percebeu que o espaço em que está inserida e onde se move, precisa de ser dotado de uma  ideia mobilizadora com objetivos comuns e partilhados pelos seus Estados-Membros. Os grandes desafios para as próximas décadas estão aí: a transição energética e a emergência climática, associados à segurança e independência energética, a par das transições digitais e sociais. As ameaças várias que se colocam à sociedade, a política internacional e a própria segurança e defesa na Europa, obrigam a esse propósito. Entre dilemas, desafios e muitas interrogações dos Estados-Membros, sobressaem pela sua relevância geopolítica, os debates sobre a energia nuclear e os minerais estratégicos, assim como os cenários para o hidrogénio verde e para a urgência do gás natural.

Vencer os invernos da crise energética, da guerra e das ameaças climáticas, e ter uma voz ativa e participada no complexo equilíbrio geoestratégico global é sem dúvida, um desafio geracional para a Europa. Em particular para a União Europeia e para o seu projeto de desenvolvimento, de paz e democracia.